sábado, 26 de julho de 2008

Amarras

Certa vez ouviu que os depressivos nao se deixavam ser felizes. E no instante seguinte passou decifrar-se como tal. Mas qual a seriedade daquilo?

Imediatamente espaireceu. Tocava musica bela e enebriante na TV, quase falhando, ligada ao fundo do comodo. Mas como sempre a musica a embebeu em drama, seguido de saudade e choro calmo, inconformado, porem quieto. O irremediavel, findo esta. E assim seguiu, por mais tantas horas, ate, como de costume, cansar-se da lamuria e assumir suas tarefas.

Nao mudava. Nao importava o que passasse. Nao mudava.

Assumia-se dona de um tracado do destino; inerente a este, e vitima de uma senteca por hora cruel, mas que lhe traria de volta tudo aquilo que tivera dantes.

Um dia ouviu, de alguem que, na mais pura verdade, queria seu bem.

"Nao mais chore doce. Nao mais se curve ao que te corroe por dentro, se todas as justificativas desta dor se passarem ao subjetivo. Ate onde seguira este caminho que te algema, te amarra a uma ilusao de vida, de cumplicidade? Esta que deixara a lealdade de lado, e todo o resto de sua essencia ha muito tempo.

Se nao mais te sofras doce. Nao mais te deixe levar pelos cortes que a saudade abre. Nao vivas mais a espera de algo que os cure.

Cura a ti sozinha, na forca. Na busca; nao do dubitavel que acomoda um pouco ao coracao, mas na busca da compreensao de que, isto que doi, e irreal e findo.

Nao te julgue destinada a nada. Constroi teu destino. Fugindo do que te diminui, dia-a-dia, pela vivencia de algo que nao mais existe; pela ilusao de uma vida que nao e tua."

Esqueceu-se um pouco do que a aflingia e levantou-se, depois, para a mudança. Direcionou-se à felicidade. Nao era depressiva. Era mais uma saudosista de um tempo bom, e ingenua demais para deixa-lo para tras a procura de melhores.

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